A libertação dos escravos no Brasil não foi um gesto de benevolência do neófito capitalismo para com uma promissora classe trabalhadora e consumidora. Foi forjada na luta cotidiana de milhares de escravos por todos os cantos do Brasil. Nenhuma parte da singela nação foi poupada dos insurgentes pela liberdade de viver!
Os grandes protagonistas desta fase sangrenta do pais, foram os afros descendentes. Muitos foram os heróis da resistência contra a opressão branca: Zumbi, Dandara, Chico Reis, Ganga Zumba, Chica da Silva e tantos e tantas lutaram e tombaram por esta causa, mas também tiveram varias marias, invisíveis ou não ao lado do seu povo buscando, apoiando a liberdade
Nasceu em Paty de Alferes, Vassouras Rio de Janeiro - Mariana Crioula era uma escrava, nascida no Brasil. Costureira e mucama (escrava de companhia) de Francisca Elisa Xavier, esposa do capitão-mor Manuel Francisco Xavier. Foi descrita como sendo a "preta de estimação", escravas mais dóceis e confiáveis da sua patroa.Apesar de ser casada com o escravo José, que trabalhava na lavoura, vivia e dormia na casa-grande, sinal dos privilégios concedidos pelos senhores. Na época, os homens eram cerca de 90% dos escravos traficados da África e cerca de 75% dos escravos que trabalhavam nas fazendas de café, portanto um casal de escravos era raro.
A meia noite do dia 05 de novembro de 1838 se deu a maior fuga de escravos da história fluminense, e o foco principal estava na fazenda Maravilha. A fuga fora liderada por Manuel Congo, escravo de propriedade do fazendeiro Manoel Vieira dos Anjos, conhecido por torturar seus escravos. Os vários assassinatos cometidos por este fazendeiro, foi o combustível da revolta. Manuel Congo, também liderou outros negros das fazendas vizinhas, inclusive da fazenda Freguesia, onde vivia Mariana. Lá mataram os feitores e saquearam comida e armas e atearam fogo na senzala e casa grande. Esta, juntou-se, então, aos fugitivos tomando a direção do grupo, no qual ficou conhecida como a rainha do quilombo, fazendo par com Manuel Congo, o rei.
O Quilombo de Manoel, Maria Crioula e seus 400 liderados conquistou fama entre os escravos e pânicos entre os proprietários. Sempre se aventuravam em outras fazenda, libertando seus irmãos cativos. A insurgência teve a participação de cativos africanos e crioulos (negros nascidos no Brasil), trabalhadores domésticos e lavradores, reunindo homens e mulheres dispostos a pôr um fim às frequentes humilhações perpetradas por fazendeiros da região. Mas, a indignação por saber que um mando de maltrapilho estavam afrontando a elite econômica local e a hierarquia social, temperado pelo temor dos fazendeiros, suscitou as autoridades a por fim aquela comunidade de libertos, não demorou para que o governo se manifestasse com providencias policiais.
A Guarda Nacional , capitaneada pelo Coronel Manuel Peixoto de Lacerda Werneck, um dos maiores latifundiários da província, possuía nas suas 8 fazendas mais de 1000 escravos, não conseguiu destruir o quilombo , nem tao pouco prender os revoltosos.
A queda do quilombo foi obra de um dos “heróis nacionais” , futuro Duque de Caxias, na época oficial Luiz Alves de Lima e Silva. No dia 11 de dezembro o quilombo foi atacado. Cercado todo o local e sem fazer prisioneiros, uma carnificina: crianças, mulheres ,velhos e guerreiros, todos tombados!
Os bravos brasileiros lutaram a até a ultima bala, mas a superioridade dos armamentos da tropa repressora foi determinante. Com o fim da rebelião, Manoel Congo e Mariana Crioula foram presos e julgados. Os demais lideres que sobreviveram à repressão voltaram ao cativeiro e receberam a pena de 650 açoites parcelados, aplicação por três anos de gargalheira com haste e marcados a ferro
Mariana Crioula foi poupada da morte a pedido de sua proprietária Francisca Elisa Xavier, mas seu companheiro Manoel Congo não teve a mesma sorte, machucado em combate, aos 49 anos com coragem e determinação fui julgado em praça pública, condenado e enforcado em Vassouras em 6 de setembro de 1839.
A exemplo de Zumbi, Manoel Congo, também é considerado um símbolo da luta pela liberdade, pois histórias como a dele são exemplos de como os negros lutaram desde a escravidão pela sua dignidade.