Corte de 30% das verbas gerou crise nas universidades federais
Redução nas bolsas de permanência, demissões, falta de remédios nos HUs, atrasos das contas de água e luz, além do adiamento das aulas estão entre as consequências
O corte de mais de 30% no orçamento das universidades federais provocou uma crise nas principais instituições de ensino do país. Estudantes sem dinheiro para transporte, falta de medicamentos nos hospitais universitários, redução do serviço de limpeza, falta de pagamento nas contas de luz e até o atraso no início das aulas é o que o corte de verba para destinar ao superávit primário está causando em instituições como a UFRJ, UFMG, UFF e UNB. Até mesmo o Museu Nacional, o mais antigo do país, chegou a ter as portas fechadas devido à falta de pagamento dos serviços de limpeza e segurança. 
Há relatos de “rodízio de dívidas” – quando paga-se a água, ou a conta de luz, para evitar cortes, nas federais do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Uberlândia, Bahia, Goiás, Campina Grande, Uberaba e Sergipe.
Nos meses de janeiro e fevereiro, R$ 586 milhões mensais foram cortados das instituições federais de ensino. O valor referente a março ainda não foi disponibilizado.
Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a maior e mais importante federal do país, a saída encontrada pela reitoria para amenizar a crise foi a do adiamento das aulas, justamente por atraso no pagamento de funcionários terceirizados. O ano letivo começa apenas agora, nesta segunda quinzena de março. 
A UFRJ “atrasou alguns destes contratos (com empresas terceirizadas) e a situação foi agravada pela realidade de ter somente 1/18 do orçamento de custeio disponível”, afirma Carlos Levi, reitor da instituição, que junto com a UFF, UFMG, UnB, UFBA e Ufal já providenciaram cortes em seus orçamentos. A UFRJ deixou de ter quase R$ 60 milhões repassados por mês.
Com a orientação do governo e sob a batuta de Joaquim Levy, uma resolução para o cumprimento parcial do orçamento foi executada. Ao invés de se cumprir o pagamento de 1/12 do valor total do orçamento de 2014 para a pasta, já que o orçamento deste ano ainda não foi aprovado pelo Congresso, o governo autorizou o pagamento de apenas 1/18 da verba ao mês e, já que o ano não possui 18 meses, o valor restante será destinado para o superávit.
A educação foi a área que, em valores absolutos, teve maior redução, cerca de R$ 7 bilhões. No caso das universidades federais, que dependem diretamente da verba do MEC, a situação se agravou. 
Além do corte de 30% deste ano, existiu no fim do ano passado um pesado “contigenciamento” em todas universidades, uma média de 10% do orçamento. Em algumas o corte foi maior, caso da UFRJ e da UFMG, por exemplo, que tiveram 20% do seu orçamento “contigenciado”. O dinheiro, é claro, não está guardado na poupança do governo e os reitores das universidades já não contam mais com estes recursos.
Em Minas Gerais, professores e alunos do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) fizeram na segunda-feira (16) uma aula pública contra os cortes em frente à reitoria da universidade, na Pampulha, em Belo Horizonte. 
Em nota, a UFMG informa a alunos, funcionários e professores que o orçamento deste ano sofreu uma redução de 33%. Resultado de um decreto do governo federal que reduz gastos até que a lei orçamentária de 2015 seja aprovada e que a redução dos repasses desde o fim do ano passado levou a universidade a enxugar o orçamento em pelo menos em R$ 30 milhões.
Paulo Rizzo, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), ressalta a gravidade da situação orçamentária das instituições públicas de ensino. “As universidades têm sofrido problemas com falta de recurso há muito tempo”, “com os cortes recentes, as Instituições Federais de Ensino têm sofrido muito e têm tido seu funcionamento acadêmico comprometido. As IFE estão começando o semestre de forma muito precária, com cortes de bolsas, sem pagamentos para os trabalhadores terceirizados, os restaurantes universitários têm tido dificuldade de abrir. A situação está caótica e o governo tem que fazer os repasses”, afirma Rizzo.
Ele reforça que a saída para a crise está no investimento público efetivo nas Instituições Públicas de Ensino. “O Brasil tem que investir. Passar a cumprir a destinação de 10% do PIB para educação pública, já. Precisamos de uma reforma fiscal que passe a taxar as grandes fortunas, além de fazer a auditoria da dívida pública, que é a grande sanguessuga do orçamento público.”, concluiu Paulo Rizzo.
Estudantes do campus da Unifesp, em Guarulhos (Grande São Paulo) perderam um transporte gratuito que existia desde 2012 da estação Carrão da Linha 3 do metrô até a instituição. Os alunos, que já estudam em condições precárias, já que as obras de construção do campus ainda não foram concluídas, anunciaram paralisação de uma semana a partir desta segunda-feira (16).
Em Campina Grande (PB), cinco obras foram adiadas e alunos que precisam de auxílio moradia e transporte estão com subsídios atrasados. A instituição deixou de receber R$ 20 milhões (20% do previsto) de novembro a dezembro. “Espero que em abril paguemos em dia”, disse o reitor José Edilson de Amorim. (Jornal Hora do Povo SP )
08 de Março - Dia Internacional da Mulher


Negras, brancas ou amarelas, católicas, judias ou muçulmanas. Jovens ou idosas. Não importa. O 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, simboliza o universo feminino no mundo. Não podemos negar que as conquistas femininas avançaram muito nos últimos anos. As mulheres ao longo do século XX marcaram, de maneira definitiva, os seus rumos.
Diversos fatores contribuíram para essa realidade. As mudanças nas taxas de fecundidade, nos níveis educacionais e da sua participação no mercado de trabalho sintetizam o novo papel da mulher na sociedade. Depois veio a pílula, o movimento feminista, a educação sem limites para os filhos, a produção independente, hormônios. O processo de inserção feminino no mercado de trabalho também foi intenso e nada igualitário.
O ciclo de lutas, numa era de grandes transformações sociais, até as primeiras décadas do século XX, tornou o Dia Internacional das Mulheres o símbolo da participação ativa das mulheres para transformarem a sua vida e transformarem a sociedade  . No Brasil, até 1879, as mulheres não frequentavam cursos de nível superior e, só poderiam ter educação fundamental. Mesmo assim, as mulheres tinham o acesso dificultado.
Substancialmente, o panorama atual é bastante diferente daquelas décadas atrás. Com o novo papel da mulher da sociedade, muda também a estrutura familiar. Hoje, as mulheres aumentaram sua participação no mercado de trabalho, acumularam mais estudos, não dependem financeiramente do marido e adiam casamento e filhos. 
Não há a menor dúvida de que o século que acabou foi o de maior avanço das mulheres em toda a História da humanidade.  Elas estão conquistando espaço no mundo inteiro, em praticamente todas as atividades. Todo esse avanço dá a impressão de que o futuro é cor-de-rosa. Porém, o preconceito e violência ainda persistem e elas recebem uma remuneração em média cerca de 30% menor do que os homens.
Além de serem responsáveis pela maternidade, e pela ordem da casa, atualmente no Brasil, a maioria das famílias são chefiadas por mulheres, que lutam diariamente, dentro e fora de casa.

UNE repudia arrocho de governo na Educação
A União Nacional dos Estudantes (UNE) repudiou, em moção aprovada pela diretoria da entidade realizada no dia 20, o corte de R$ 7 bilhões anunciado pelo governo federal no orçamento da Educação.
Para a entidade, a política de arrocho retrata “a contradição da principal bandeira da ‘Pátria Educadora’”, do governo Dilma.
“Essa política ameaça a grande vitória do movimento estudantil que é a aprovação do PNE e dos 10% do PIB para a Educação, garantido no ano de 2014”, destaca a UNE.
A diretoria da entidade relembra que o contingenciamento no orçamento já tem graves consequências nas principais universidades do país. “A Universidade Nacional de Brasília ficou a beira de ter sua luz cortada, o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro foi fechado, a Universidade Federal Fluminense cogita não abrir processo seletivo de 2016, a Universidade Federal do Estado de São Paulo tem seus alunos sendo formados sem ter estrutura própria. Todos os exemplos citados são provenientes da não execução do orçamento do Ministério da Educação, que poderá ser radicalizado com os cortes anunciados”, enfatiza.

“A União Nacional dos Estudantes convoca todos para ocupar as ruas e universidades do Brasil para enterrar essa política de cortes nos setores estratégicos”, conclui o texto. 
Jornal Hora do Povo - SP